Cara-da-Tábua: shape do José Selski, andar no gás, Sabonete Zine e Ajax

Mais reservado hoje em dia e difícil de ser achado, agora morador de Pontal do Paraná, local escolhido para viver com sua família, demorou um pouco até que o José Selski soltasse estas fotos de seu model que saiu pela Drop Dead em 1990/1991. O “Zé” nos contou que este shape está em Floripa (SC), na parede do escritório do Eduardo (DD), que diz ser este o primeiro shape da Drop Dead. José tem grande importância para o desenvolvimento do skate da rua (modalidade ‘Street’) em Curitiba, por seus anos como skatista, além do apoio dado à diversos caras de uma nova geração já nos anos 90, através de sua marca Ajax, incluindo o apoio que eu mesmo recebi.

1991/1992, Sktr: José Selski “Zé”.

José foi o tipo de skatista que marcava presença, como nos relatos do Antônio Kantek: “Eu lembro de você andando na rua lisa do Jardim das Américas. Lembra desse pico? Eu lembro que você dava shove it, shove it e flip no gasão, era muito massa”. “Eu nunca vi ele andando parando, sempre no gás”. “O Zé, junto com esses caras aí da rua lisa, Juninho, Bilu, Caolho, Fukuda e Chileno, foram os primeiros streeteiros de Curitiba de verdade”.

Quem também resgatou coisas da memória foi o Roger Robert: “Não lembro muitos detalhes dessa época, mas lembro que o Zé era o maior nome do street paranaense, no final dos anos 80, início dos 90, época que a modalidade ainda buscava seu espaço, independência e reconhecimento. Que era respeitado pelos melhores skaters do país, e reconhecido como um talento ao nível dos ídolos mundiais da época. Não por outro motivo era comparado a Natas Kaupas, um dos maiores skatistas dos anos 80. Sempre preocupado em trabalhar pelo crescimento do esporte, ajudou na evolução das marcas locais e incentivando os novos atletas que surgiam. Essa filosofia buscamos incorporar à Ajax, criada para disponibilizar produtos e apoio a quem realmente andava de skate, nos moldes de como já faziam as marcas americanas. De um modo geral tinha uma visão underground do skate, priorizando o esporte como diversão, em favor de quem realmente praticava o esporte, diferente da visão que ia se afirmando em favor de campeonatos, mídia e que buscava atingir cada vez mais públicos de praticantes eventuais ou de simpatizantes. Em palavras de hoje, foi um legitimo skatista raiz, que em muito influenciou a sua e as próximas gerações, contribuindo muito para a grande evolução que vimos ao longo dos anos 90”. “Do Zé andando o que lembro mais era das sessions no Castelo, sempre andando no gás, acertando as manobras em linha (flips, kick flips) na base e principalmente se divertindo”.

Além destes relatos, eu mesmo posso contar algo sobre o que vivi, que, além de leitor fervoroso e colaborador do Zine de Skate “Sabonete”, feito pelo José, ainda fiz parte dos anos da Ajax. Esta marca, modesta mas importante, era chefiada por José e pelo Roger Robert, que juntos montaram uma das equipes mais expressivas daqueles anos, entre 93 e 97, mais ou menos. Naquele tempo se discutia muito sobre o valor de quem sabia andar de skate nas ruas e pistas no dia a dia com consistência, em contraposição aos que sabiam ganhar campeonatos, e o José e o Roger sabiam reconhecer a galera da rua. E se hoje isso soa polêmico, em tempos em que os campeonatos valorizam bastante quem sabe mesmo andar de skate, imagine duas décadas atrás. De fato a equipe da Ajax era formada pelo pessoal que estava sempre nos picos e para quem os campeonatos eram mais uma grande festa para encontrar os amigos do que uma competição. Tanto era, que quando fui convidado pelo José para fazer parte da equipe, foi algo de tanto orgulho e emoção, que nem parecia séria a proposta. Mas era, e com isso veio o circuito de skate com toda a carga: as pessoas, os eventos, as influências, o glamour, o ‘estrelismo’, as revelações, as decepções, as viagens e o contato com o ‘circo’ do brasil todo. Neste ponto veio a grande importância do José em minha caminhada: após me colocar na equipe, me ensinou a como me manter ‘o mesmo’, a escolher por onde caminhar, a pensar com a própria cabeça e a valorizar quem de fato me desse apoio. Aprendi tudo isso mais ou menos, mas as lições foram tantas e tão especiais que as carrego por toda a vida.

Fanzine Sabonete (Projeto Fanzines da Casa da Ponte)

 

Com tudo isso dito, inserir mais este model de deck na Coleção “Cara-da-Tábua” é uma alegria e uma honra. Assim, junta-se à coleção não só mais um shape, mas um importante pedaço da história do skate de Curitiba.

Visite a Exposição Virtual e leia todos os artigos sobre cada colaboração. Se tem um shape de skatista da cidade ou que fez parte desta história e quiser colaborar, tire uma foto e manda pra gente!

Obrigado!

 

Ricardo GosWod.

 

 

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